Os dados anunciados pelo USDA colocam fim às especulações e estimativas que até então inflamavam o mercado para trazer a certeza de estoques baixos neste ano. No cenário mundial, a produção foi reduzida de 240,15 milhões para 236,87 milhões de toneladas e os estoques finais passaram de 55,52 milhões para 53,24 milhões de toneladas.
“Os números são o principal fundamento para o sustento das cotações da soja em patamares elevados e históricos, como em Mato Grosso”, frisa o gestor do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca. Como completa, a partir de agora o mercado tem a certeza de que o cenário – “se mantido” - seguirá altista para a oleaginosa. “A informação não surpreende, mas será determinante para a formação dos preços futuros da oleaginosa e para o planejamento da temporada 2012/13, em Mato Grosso”.
A escassez é reflexo da quebra das safras brasileira, argentina e de uma produção prevista aquém da safra passada nos Estados Unidos. Na contramão, há uma China faminta pela soja e em pela formação de seus estoques, portanto, comprando tudo que encontra. “Tudo isso provoca ainda hoje um sentimento de escassez que faz os negócios andarem e os preços subirem”. Mato Grosso, em função das dificuldades logísticas, acaba contabilizando um terceiro fator positivo para a formação de preços que é a valorização do dólar, performance que vem acompanhando as altas da saca na Bolsa de Chigaco, onde há a formação dos preços.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), Carlos Fávaro, conta que com o avanço do mercado nos últimos meses e com o surgimento de um fundamento concreto (números do UDSA), o produtor está aproveitando para antecipar a relação de troca (sacas para aquisição de insumos) e assim, garantindo sua margem de lucro e minimizando os riscos da atividade. “Em momento como esses o produtor mostra a sua maturidade e vai aproveitando os picos do mercado da forma que mais lhe convém”.
Como destaca Latorraca, os preços recordes do momento são para o grão disponível, volumes quase inexistentes no Estado, mas servem de indicadores para preços no futuro, ou seja, para o pagamento da soja no primeiro trimestre de 2013. Fávaro acredita que com as altas insistentes da cotação e com o fundamento que garante estoques baixos para toda temporada mundial 2011/12, cerca de 40% da estadual 2012/13, estimada em 23 milhões t, estejam vendidas de forma antecipada até o momento, percentual que está sendo apurado pelo Imea. “Qualquer número perto disso é inédito para esta época do ano, em Mato Grosso”. Em abril, quando o Imea fez o último levantamento de comercialização, 24% da produção 2012/13 estavam comprometidos. “Na medida em que a relação de troca se torna mais favorável ao produtor e ele trava negócios”.
Questionado sobre a influência do relatório do USDA no planejamento da nova safra, Fávaro destaca que a estimativa de cobrir 7,5 milhões de hectares já foi feita considerando um cenário de escassez, agora confirmado pelos norte-americanos. “Podemos até ampliar mais alguma coisa, mas cada aumento de área requer uma operação grande de insumos, calcário e isso tudo tem de ser muito bem planejado para acontecer no tempo certo”.
De qualquer forma, o presidente da Aprosoja/MT se revela confiante no cenário e acredita em maior pressão a partir do segundo semestre. “O presidente da associação dos produtores de soja da Argentina disse, há menos de 15 dias, que a estimativa de quebra é bem acima do que foi dito até o momento, e que a safra deverá fechar entre 40 e 41 milhões de toneladas, abaixo dos 42,5 milhões projetados ontem pelo USDA e que estão muito aquém da previsão inicial de 45 milhões t”.
Data: 11/05/2012
Fonte: Diário de Cuiabá
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