Uma das maneiras do produtor diminuir os custos de
produção, com relação à aquisição de fertilizantes, é adotar a prática da
adubação verde. Esta prática consiste em adicionar culturas vegetais,
principalmente leguminosas, que irão cobrir a superfície do solo. Por que leguminosas? Porque
estas plantas têm a capacidade de fixar o nitrogênio (N) do ar, através da
fixação simbiótica promovida por bactérias, tornando este
nitrogênio disponível para as plantas. Portanto, uma economia
no uso de fertilizantes nitrogenados. Os adubos verdes promovem, quando
incorporados no solo, uma adição de matéria orgânica e uma reciclagem dos
nutrientes, com o enriquecimento de N, P, K, Ca, S e outros
nutrientes, que proporcionam um melhor desenvolvimento radicular das
plantas e uma melhor produtividade das culturas. A erosão do solo é minimizada
com a adubação verde, pois ela cobre o solo, impedindo que a camada
superficial, que possui matéria orgânica e nutrientes essenciais às
plantas, seja levada pela água das chuvas e pelo vento, empobrecendo-o. Desta
maneira, a adubação verde evita perdas de matéria orgânica e nutrientes
contidos no solo.
As
leguminosas mais usadas, para adubação verde, são as crotalárias, mucunas,
feijão-de-porco, guandu, lab-lab. Quando se faz a rotação de culturas, a
adubação verde deve ser incorporada no solo após o corte. Enseguida, se procede
o plantio da cultura econômica, como milho, soja, etc. A preferência é pelar
manutenção da palhada no solo e plantando-se direto sobre ela. Isto evita
deixar o solo a descoberto, o que facilitaria a ação da erosão, com reflexos na
queda de fertilidade do solo.
Para
incorporação do adubo verde no solo, é preciso estar atento à época de corte
das plantas. A preferência deve ser pela fase de floração, pois há maior
concentração de nutrientes na planta, além de ser mais fácil a decomposição do
material cortado. Aqui, a relação C/N desempenha um papel
fundamental. As leguminosas têm uma relação C/N ao redor de 12/1. Esta relação
é baixa, em virtude das leguminosas serem ricas em nitrogênio. Materiais
ricos em N tendem a mostrar dados de C/N mais baixos. Já o milho tem uma
relação C/N mais alta, pois possui mais carbono e deve ser empregado em rotação
ou consorciado com leguminosas, para baixar a velocidade de decomposição dos
resíduos vegetais quando incorporados ao solo. Porque quanto menor a relação
C/N, maior a decomposição dos resíduos das culturas. No caso do plantio direto,
deve-se usar resíduos vegetais que apresentem maior relação C/N, porque a
decomposição dos mesmos vai ser mais lenta.
Os
adubos verdes deixam grande quantidade de nutrientes no solo, ou seja, as
crotalárias incorporam nitrogênio e potássio ao redor de 300 kg/ha. Igualmente,
a soja deixa mais de 250 kg/ha de N e K. O uso da palhada de braquiária, em
cobertura, propiciou aumento na produção do feijão, em sistema de plantio
direto.
O
feijão-de-porco, quando usado para adubação verde, o espaçamento entrelinhas
varia de 50 a
60 cm .
Quando aparecem as vagens, procede-se o corte da parte aérea da planta,
deixando-a como cobertura ou incorporando-a no solo.
Na
cultura do milho, pode-se intercalar a mucuna preta, semeada 75 dias após a
emergência do milho, ou o lab-lab semeado 100 dias após, nas entrelinhas da
gramínea. Tanto a mucuna preta como o lab-lab, duas leguminosas, apresentam
grande produção de massa verde. A mucuna preta apresenta uma dureza das
sementes. por isto ela deve ser tratada em água fervente por 15 segundos para
quebrar a dormência e amaciar a casca.
Na
cana-de-açúcar, a melhor sugestão para implantação da adubação verde é quando
se verifica a reforma do canavial. A época de plantio dos adubos verdes ou
rotação de culturas deve ser quando da morte da última soqueira, o que se
verifica de fins de novembro a início de dezembro. As culturas escolhidas devem
dar uma fonte de renda extra para o produtor com a venda do produto. Podem ser
utilizadas as crotalárias, a mucuna preta, a soja, o amendoim. No caso desta
duas últimas espécies, a preferência é por variedades de ciclo curto, pois
a colheita em março, não prejudicará o plantio da cana, que ocorrerá 20 dias
após a incorporação dos resíduos vegetais.
No outono/inverno
pode-se fazer uso da ervilhaca, como adubação verde, consorciada com gramíneas.
O guandu e a leucena podem ser usadas em consorciação com o milho e propiciam
um aumento de produção de grãos. A parte aérea é cortada, durante o crescimento
do milho, incorporada no solo e, pela decomposição dos resíduos, há uma
liberação de nutrientes no solo que serão absorvidos pelas raízes do milho. O
agricultor poderá controlar o número de cortes, que vai depender dos rebrotes e
das necessidades do milho em nutrientes.
Nas
Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o plantio das leguminosas, para adubação
verde, é durante a primavera/verão, no início do período chuvoso. Na Região
Nordeste, durante o período chuvoso, de fevereiro a junho. Na Região Norte, de
dezembro a junho, no período das chuvas.
Cada
região tem suas particularidades quanto às variedades mais recomendadas e a
época correta de plantio. Por isso, é muito interessante o agricultor consultar
a assistência técnica da sua região, para maiores informações e maior sucesso
no trabalho desenvolvido na sua propriedade.
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