As intenções de confinamento para 2012 não vão atingir o nível estimado. Uma soma de fatores como a alta de 122% no preço do farelo de soja neste ano, de 31% no valor do milho e o recuo de 6% na arroba do boi fizeram o produtor pisar no freio. Resultado: o número de animais engordados nesta modalidade deverá ser 9% menor em relação a 2011 e 20% abaixo do total levantado em abril. É o que indica o segundo levantamento sobre a intenção de confinamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), apresentado nesta terça-feira (14).
Os analistas refizeram as contas e concluíram que ao final do ano devem ser confinados até 740,4 mil animais. Em abril, quando divulgou a primeira da série de três estudos, o Instituto estimava 929,9 mil bovinos. Em 2011, foram 813,9 mil cabeças.
Para o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, a mudança de cenário entre os meses de abril e julho foi determinante para influenciar o resultado.
"É uma atividade de risco e é preciso perguntar quanto custa e para quem irá vender", avaliou o dirigente. Além do menor custo-benefício, o pecuarista também foi surpreendido pela melhora na disponibilidade de pastagem em função de chuvas especialmente entre os meses de maio e junho.
Seis das sete regiões mapeadas em Mato Grosso vão contabilizar queda no confinamento. A maior delas será no nordeste do estado, com 90,4 mil animais confinados em 2012. O número é 38,8% menor que o de 2011 (147.790 exemplares) e 38,9% perante abril, quando estimavam-se 147.940 bovinos.
No noroeste pecuaristas colocarão 26,3% a menos de animais neste sistema. Ou seja, passa de 4,7 mil em 2011 para 3,5 mil em 2012. Em abril, a pretensão era de 3,7 mil animais, representando agora uma variação negativa de 5,4% entre a primeira e a segunda intenção.
Vão confinar menos também neste ano o norte (-14,6%); médio-norte (-3,9%), centro-sul (-12,1%) e sudeste (-1,4%). Exceção para a região oeste que deverá superar o nível de confinamento de 2011. De acordo com o Imea, serão acima de 170 mil animais, resultado 6,3% acima dos 159,9 mil bovinos do ano passado. Mas entre abril e julho a intenção também sofreu um baque: -19,5%. Naquele mês as pesquisas sobre o confinamento indicavam 206 mil cabeças para 2012.
Para o gestor do Imea, Daniel Latorraca, o percentual de alta no oeste só será possível porque, apesar da elevação de custos, as grandes indústrias mantêm projetos de confinamento. "A região cresceu porque os frigoríficos estão com confinamento próprio", observa o especialista.
Decisão Racional
Para Luciano Vacari, há fatores considerados positivos para avaliar o recuo na intenção de confinamento. O primeiro deles, como define o dirigente, é a tomada de decisão de maneira consciente.
Ou seja, o pecuarista preferiu agir com cautela e não assumir riscos que futuramente pudessem inviabilizar a atividade. "Confinamento é uma ferramenta tecnológica. Em alguns momentos será utilizada, mas em outros não", avalia Vacari.
Atualmente, cerca de 15% dos animais abatidos em Mato Grosso saem dos confinamentos. Mas Vacari pondera, no entanto, não haver riscos de uma falta de bovinos para as indústrias. "A oferta continua grande, pela pouca representatividade do boi confinado na escala".